BIODIVERSIDADE
E.E. Dr. Américo Brasiliense
Disciplina de Biologia.
Prof.Vauber dos Santos Barbosa.
RESUMO
Este artigo traz como abordagem central o tema Biodiversidade, aspectos relacionados as origens da riqueza ambiental e das espécies, os principais condicionantes da diversidade biológica e contrapontos que interferem na preservação. Relata a influência do ambiente físico na formação da paisagem e apresenta dados que relevam a importância das pesquisas nesta área, apontando a necessária inserção do tema nos processos de formação educacional e nos diversos níveis de ensino e pesquisa. Para o desenvolvimento deste texto foram pesquisados autores das áreas de ciências naturais e institutos que reforçam as análises, reforçam as reflexões e abrem novas perspectivas sobre o tema.
Palavras Chave: Ambiente físico. Biodiversidade. Pesquisa. Preservação.
1 INTRODUÇÃO
Muito mais do que um termo científico em moda que impulsiona a curiosidade dos leitores para artigos relacionados à riqueza e a diversidade das espécies, variabilidade dos organismos, exuberância dos ambientes naturais e a heterogeneidade biológica dos ecossistemas, acima de todas as discussões que remetem a Biodiversidade estão os frequentes debates sobre os impactos sofridos pelos organismos e seus habitats na vida contemporânea, implicando necessidade primordial do conhecimento sobre o tema, reforçando a importância da compreensão dos componentes desta riqueza natural e como estes reagem aos constantes impactos sofridos diante de perturbações naturais e antrópicas.
A Biodiversidade muito embora tenha uma estreita ligação com as ciências naturais, tem um contexto multidisciplinar que envolve várias áreas do conhecimento e estão em pleno desenvolvimento, como a própria Ecologia, que apareceu como ciência em meados do século passado introduzida pelo zoólogo alemão Ernst Haeckel e tomou forma nas décadas de 50 e 60, o termo Biodiversidade é mais recente sendo atualmente mais frequentemente empregado, embora seu sentido e seu verdadeiro significado seja produto da evolução como a própria vida.
Acerca desta dualidade entre a quantidade de espécies, a beleza das formas, cores e expressões versus o contraponto da degradação dos ambientes e da qualidade ambiental, está a conceitualização e o senso comum da importância da Biodiversidade para o planeta, vista e compreendida de diversas formas, objeto de interpretação em diferentes níveis, desde a simples questão do existir dos seres vivos cumprindo o ciclo biológico e o ciclo da vida, até a interferência que os mesmos promovem para o equilíbrio de suas comunidades e todas as consequências para o meio, que vão além de publicações pontuais.
Segundo Ricklefs (2007), são cerca de 2 milhões de espécies catalogadas em todo mundo, sendo ainda estimada por biólogos a existência de 10 a 30 milhões de espécies de animais e plantas que podem habitar a terra, a maioria de insetos em florestas tropicais. A região Equatorial e as latitude entre 30 graus norte e 30 graus sul que abrangem as grandes florestas tropicais propiciam ambientes com maior número de espécies, na direção dos polos para os trópicos, onde também a vida marinha tende a apresentar maior volume de fauna e flora. Considerando a história geológica do planeta Terra as zonas tropicais mais ricas, além de mais antigas, sofreram menores intervenções glaciais, ainda a região equatorial, centro do planeta, oferece maior área tanto de terra quando de mar, sendo capaz de suportar maior diversidade do que abriga as zonas temperadas.
Certamente os fatores latitudinais a heterogeneidade dos ambientes e a produtividade refletem a diversidade dos ambientes, porém, outros agentes podem ser identificados e hierarquizados entre os níveis de organização dos seres vivos, implicados na diversidade genética e nas relações entre populações, comunidades e ecossistemas, estes agentes estão relacionados diretamente com limites físicos impostos e as pressões naturais e antrópicas sofridas pelo planeta, sendo as interações dos seres vivos com o ambiente físico onde estão seus nichos, a análise prioritária. Em uma escala maior os limites físicos delimitam as fronteiras dos ambientes e a formação das paisagens do globo terrestre.
Recentemente, as análises sobre a diversidade exploram também as teorias do equilíbrio entre os processos que acrescentam ou removem espécies dos ecossistemas, tendo a comunidade científica mundial olhares preocupados com a perda da diversidade biológica pela via do desequilíbrio, particularmente nas regiões tropicais onde o crescimento explosivo da população humana e a sua consequente distribuição desigual remete a outros fatores envolvidos como: aspectos sociais, econômicos, culturais e os científicos propriamente inseridos em temáticas maiores como a degradação dos recursos, desmatamento e mudanças climáticas.
De certo, é que a manutenção da diversidade biológica é uma questão inerente ao conhecimento, à investigação, à pesquisa e ao cotidiano, como é a própria ecologia, é matéria central, remete a estudos históricos e biogeográficos. No Brasil vemos extensas áreas sofrendo intervenções humanas em diferentes escalas de velocidade, produzindo um cenário preocupante de devastação em ambientes como na Amazônia no Cerrado do Brasil Central na Caatinga e em toda faixa litoral do Brasil, onde se localiza as porções de Mata Atlântica. Podemos então prever em relação a esta instabilidade nos principais biomas brasileiros, os efeitos nocivos e as consequências em cadeia para atividades agrícolas, pecuárias, pesqueiras e florestais, ainda um forte impacto negativo para as estratégias das indústrias farmacêuticas e de biotecnologia. O M.M.A (Ministério do Meio Ambiente), e institutos apontam que somente o setor da agroindústria responde por cerca de 40% do PIB brasileiro, o setor florestal por 4% do PIB e o setor pesqueiro por 1% do PIB. Produtos da biodiversidade respondem por 31% das exportações brasileiras, especialmente destacando café, soja e laranja. As atividades de extrativismo florestal e pesqueiro empregam mais de três milhões de pessoas. A biomassa vegetal, contando o álcool da cana-de-açúcar a lenha e o carvão derivados de florestas nativas e plantadas, respondem por 30% da matriz energética nacional e em determinadas regiões, como o Nordeste, atendem a mais da metade da demanda energética industrial e residencial. Grande parte da população brasileira utiliza-se de plantas medicinais na solução de problemas corriqueiros de saúde.
A diversidade biológica constitui, portanto, uma série de recursos e serviços ambientais, fornecendo produtos para exploração e consumo, presta serviços de uso direto e indireto. É importante, de fato, a disseminação da prática da valoração da diversidade biológica, a oposição ao comprometimento da sustentabilidade a preservação do meio ambiente e a valorização da disponibilidade permanente dos recursos e de serviços ambientais.
2 FATORES FÍSICOS E A DISTRIBUIÇÃO DA BIODIVERSIDADE
A análise feita sobre a distribuição da vida no planeta passa necessariamente por aspectos relacionados ao meio físico, que propiciam, ou não, a adequação da vida animal e vegetal aos mais variados ambientes, reportando-se a limites impostos pela disponibilidade de água, luz, oxigênio, adaptação a temperatura, pH, precipitação, entre outros fatores que exigem dos organismos ali dispostos um alto grau de especialização.
Além disso, aprofundando esta análise, a sobrevivência requer a fonte de alimento, ou para algumas espécies que produzem seu próprio alimento, podemos associá-las a uma fonte energética, esta, oferecida através da luz solar identificando então os produtores primários precursores na elaboração de alimento, transformam energia solar, através da fotossíntese, e oferecendo-a na forma de alimento para a base da cadeia alimentar nos mais diferentes ecossistemas.
Podemos considerar que, após um grupo de organismos estarem adaptados e interagindo dentro de um espaço fisicamente condicionado, ainda, recebendo uma fonte energética que permita a integração dos organismos com o meio, teremos um ecossistema, por sua vez inserido dentro de sistemas mas em maior proporção os grandes biomas do planeta, cuja caracterização principal é dada pelo tipo de vegetação e as semelhanças que identificam sua paisagem, em última análise, são grandes reservatórios de produtores primários juntamente com os oceanos, na superfície terrestre orientam a distribuição de grande parte da produção primária de energia, e acomodam grande parte da diversidade biológica distribuídas sob orientação de fatores físicos como:
A. A distribuição do calor e a sazonalidade climática.
B. Padrões globais de circulação atmosférica, direção dos ventos e transporte da umidade.
C. Fatores geológicos, formação de montanha.
Portanto, podemos perceber a grande interferência climática na distribuição dos biomas pelo globo terrestre. Sendo que, antes de entender as mais diversas habilidades dos organismos em buscar nutrientes para compor suas estruturas com hidrogênio, carbono e oxigênio, ou suas adaptações para a disponibilidade de água, luz e temperatura, e mesmo todas as formas de percepção e estímulos ao meio físico que os envolve, é importante entender as condições que levam a distribuição dos biomas e a consequente integração destes com as espécies.
Os padrões climáticos resultam da forma como a terra absorve a energia do Sol, e de que forma as regiões estão expostas, daí as diferenças climáticas entre os polos e o equador, o tempo e o grau de angulação, o comprimento de onda, a distância que o ambiente se encontra do astro rei, menor ângulo, maior área de incidência da luz solar, medidas de latitude e longitude de qualquer ponto do planeta, deve ser considerada para avaliar a angulação da incidência dos raios solares na superfície da terra, além da inclinação do eixo da terra, que responde pela sazonalidade na região do equador, tudo influindo alterações no sistema pluviométrico e na temperatura do ambiente, levando a oferta de condicionantes para a cobertura vegetal dos biomas.
Fatores que redistribuem a energia recebida também devem ser considerados como os ventos e as correntes oceânicas, além dos efeitos temporários de alteração climática, sobrepondo-se aos padrões normais que são atribuídos as formações montanhosas mais propriamente trazidas pela topografia e geologia.
O sistema de zona climática desenvolvido por Heinrich Water determina nove grandes divisões baseadas no curso de temperatura e precipitação anual.
Já Robert. H. Whittaker, define os biomas por sua cobertura vegetal, imaginando posteriormente fronteiras de temperatura e precipitação entre os biomas, sendo que em latitude tropical e sub-tropical com temperaturas entre 20°C e 30°C teríamos as florestas pluviais, até deserto, com precipitações em média de 500 mm a 2500 mm/ano. (no caso de desertos a média anual é inferior a 500 mm).
Climas intermediários compreendem florestas sazonais com 1500 mm a 2500 mm de chuva/ano. Nas latitudes temperadas, em relação às chuvas, o padrão da vegetação é semelhante a comunidades tropicais, já em altas latitudes, com pouca variação de precipitação, proporciona-se pouca diversidade na cobertura, quando avaliamos as regiões com temperaturas abaixo de -5°C a diversidade vegetal se resume ao caracterizado pela tundra.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em síntese, é altamente justificado todo esforço e envolvimento da comunidade científica das áreas ligadas a ciências naturais no entendimento da interferência humana e dos fenômenos físicos responsáveis pela vida no planeta. O texto destaca aspectos da riqueza biológica e os relaciona a fatores físicos que remetem a importância do investimento em pesquisas que avancem no conhecimento da biodiversidade e que também revelem o comportamento do ambiente físico atual, que contribuam para a prevenção de riscos futuros, que remediem os efeitos das alterações atuais e suas implicações sociais e econômicas. É necessária a inserção do tema nos processos de formação educacional e a constante reflexão sobre os processos que controlam a riqueza e a distribuição de vida na terra.
Por fim, a complexidade das paisagens e a integração entre os as mais diversas formas de vida expõe a racionalidade do artigo mas também expressa dentro de imponderáveis alternativas de adaptação ao tempo e ao espaço, a vitalidade e as maravilhas de um mundo natural.
REFERÊNCIAS
AB’SABER .A. Ecossistemas do Brasil: Metalivros, 2006.
MAUES, M.M.; OLIVEIRA, P.E.A.M. Consequências da fragmentação do habitat na Ecologia reprodutiva de espécies arbóreas em florestas tropicais, com ênfase na Amazônia. O ecologia australis, 2010.
MMA – MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE.
Disponível em: http://www.mma.gov.br
ICMBIO – INSTITUTO CHICO MENDES.
Disponível em http://www.icmbio.gov.br
ODUM, E.P. Ecologia. Rio de Janeiro: Guanabara, 1985.
RICKLEFS, R. E. A Economia da Natureza. Guanabara Koogan. 5ª Ed.. Rio de Janeiro, RJ. University of Missouri – St. Louis. 2003.